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Foto do escritorRPM Raspagem de piso

Conheça diferenças entre pisos de madeira, laminados e carpetes de madeira


 


A escolha dopiso de madeiraideal depende da análise de vários critérios, sendo o custo um dos principais. Em escala decrescente de valor, oassoalho de madeiranos seus variados formatos lidera, seguido pelolaminado. Já ocarpete de madeiraé o que tem preços mais populares.“Em meus projetos, costumo optar sempre pelo piso de madeira, por ser natural, com aspecto de qualidade muito mais presente e pelo conforto que proporciona quando se pisa descalço”, revela a arquiteta Patrícia Martinez, titular do escritório que leva seu nome. Segundo ela, são três os tipos de pisos de madeira: os convencionais de madeira natural, o multistrato e o de madeiras de demolição


.ASSOALHOS DE MADEIRA


No passado, os convencionais, tanto tacos quanto tábuas corridas, eram amplamente empregados. Eles exigem raspagem e aplicação de acabamento do tipo Bona com frequência, e sua durabilidade depende do uso, como ter criança que anda de bicicleta dentro de casa ou cachorro que raspa o piso com as unhas. “Nesses casos, é possível que a recuperação tenha que ser feita dentro de três anos. Mas, em geral, o prazo é maior, assim como da calafetação. Além disso, esse acabamento aceita retoques, quando se trata de desgaste mais superficial”, explica Martinez, lembrando que a limpeza deve ser feita com pano úmido e, de tempos em tempos, utilizar os produtos de limpeza profunda e de brilho indicados pelo fabricante do acabamento.


A evolução dos pisos de madeira chegou ao chamado multistrato, resposta ecológica e consciente, utilizado na Europa há anos. Ele tem espessura de apenas 0,6 cm de madeira contra 2 cm do convencional, mas possui um substrato constituído por massa de madeira intertravada, que impede a movimentação do material. “O brasileiro está acostumado com a fartura de material natural e, por isso, mostra certo preconceito com o multistrato. Porém, é uma solução de ótima qualidade”, destaca Martinez.

De instalação mais rápida pelo sistema de encaixe macho e fêmea, o multistrato não exige calafetação entre peças – feita apenas na junção com os rodapés. É possível, também, colar o piso, método de instalação escolhido pela arquiteta. “Ao instalar, sem cola, sobre manta acústica, percebi uma sensação de flutuação, como ocorria com os antigos carpetes de madeira”, diz. O multistrato já vem pronto, dispensando raspagem e acabamento, bastando um óleo que é aplicado depois de instalado e, posteriormente, a cada dez anos. As tábuas têm grandes larguras, a partir de 12 cm, e comprimento que chega a 3 m sem emendas. Tem vida útil semelhante à da madeira convencional, mas demanda menos manutenção – a limpeza mais profunda é feita com máquina de polimento.


MADEIRA DE DEMOLIÇÃO

Pisos revestidos com madeiras de demolição emprestam calor e conforto ao ambiente. “Como essas madeiras não têm secagem padronizada, elas trabalham muito, chegando a criar espaços entre as tábuas”. Embora o material apresente essa desvantagem, ele caiu no gosto de arquitetos e designers de interiores.

Prefiro as tábuas com larguras que vão de 6 a 10 cm, porque imprimem ao ambiente uma linguagem mais contemporânea, porém associada ao aspecto rústico e aconchegante

Tanto é que pisos de madeira de demolição podem ser vistos em praticamente todos os projetos da designer de interiores Mariana Kraemer, do escritório homônimo. “Prefiro as tábuas com larguras que vão de 6 a 10 cm, porque imprimem ao ambiente uma linguagem mais contemporânea, porém associada ao aspecto rústico e aconchegante do material”, comenta. As peças mais largas têm entre 15 e 20 cm, resultando em estética comum às casas de campo.

O acabamento é feito com leve raspagem e aplicação de verniz. “Eu prefiro não calafetar, mas encostar bem as tábuas”, diz a designer, explicando que, como o corte na largura das peças é irregular e a madeira trabalha muito, a calafetação pode provocar rachadura. Para evitar o acúmulo de pó nas frestas, é preciso limpeza frequente com aspirador de pó. “A manutenção é feita a cada dois anos com polimento e cera. O trabalho deve ser realizado por empresa especializada, com o cuidado de não rebaixar muito os veios da madeira”, recomenda.LAMINADOS

Patrícia Martinez comenta que a evolução tecnológica valorizou o laminado esteticamente. “Mais bonito do que no passado, rompeu preconceitos e hoje é uma opção interessante para interiores. Porém, não cumpre a parte sensorial, ou seja, não oferece o mesmo conforto do toque da madeira”, diz. Em projeto recente de escritórios corporativos, ela pretendia usar piso de madeira nas áreas de circulação, mas o custo seria alto. O laminado foi mais viável – 50% mais barato –, com efeito visual excelente, até porque ela conseguiu o mesmo tom claro da madeira que tinha escolhido inicialmente.




“O laminado é bonito, prático de uso, perfeito para escritório por sua fácil manutenção e custo menor”, acrescenta, lembrando que, depois de danificado, deve ser substituído. A limpeza só pode ser feita com pano úmido, quase seco.



Essa é a solução mais econômica e popular. Contudo, Martinez faz críticas às tonalidades, que considera muito artificiais. Mesmo com a introdução, feita pela indústria, de manta sob o material, resta o ruído próprio da flutuação. De maneira geral, pode ser usado em qualquer ambiente seco e a limpeza pede apenas pano úmido. Quando danificado, o piso pode ser substituído em partes específicas, porém com o cuidado de fazê-lo de uma ponta a outra.

ONDE USAR

Água e madeira não conversam. “Daí que nenhum desses materiais deve ser aplicado em áreas úmidas, pois a madeira vai empenar, o laminado vai soltar e o carpete de madeira vai explodir”, ressalta a arquiteta. É preciso cuidar, inclusive, da transição do piso dos ambientes secos para os molhados. É o caso do piso do banheiro da suíte que não pode ser nivelado com o do dormitório, pois a água vai migrar para a madeira, comprometendo especialmente o laminado e o carpete de madeira. “O piso de madeira natural vai apodrecer um pouco, mas se tiver um perfil metálico, isso pode ser evitado. Já os outros dois tipos não”, diz.

Para escritórios, Martinez recomenda o uso do piso laminado. Como primeira opção para residencial, os de madeira natural. Contudo, ambos podem ser instalados em todos os ambientes de uma casa, exceto nas áreas molhadas. Madeiras tratadas podem ser usadas na cozinha. “Fizemos, há pouco, um projeto para brasileiros, em Aspen (Suíça), e está apresentando ótimo desempenho. No Brasil, posso especificar para um apartamento pequeno com moradores que cozinham pouco, com sala integrada à cozinha para dar continuidade visual ao piso. É questão cultural nossa e, também, técnica, por conta da porosidade da madeira nacional. Se for importada, é possível usar”, diz Martinez.

Kraemer ressalta que piso de madeira natural na cozinha pede verniz reforçado, para proteger contra manchas.



Mariana Kraemer– É designer de interiores e produtora executiva em projetos ligados à arquitetura, design e arte. Realizou curso de design de interiores na Parsons School of Design e de língua e cultura na New York Public Library entre 2007 e 2015 em Nova York. É pós-graduada em História da Arte pela FAAP e iniciou seus estudos em arte contemporânea em 2001 no MAM em São Paulo. Há 12 anos assina projetos para espaços comercias, residenciais e de mobiliário, e presta consultoria em design de interiores.